O egoísmo é maligno?

Na base da convivência humana o sentimento de desconforto, seja ele de empatia ou de tristeza, move o indivíduo a tomar atitudes "altruístas". Estas atitudes, de acordo com Comte são caracterizadas pelo instinto natural de ajudar o próximo em uma ação espontânea. Mas seriam estas ações que se tomam para ajudar o próximo essencialmente altruístas? Ou seja, com o único propósito de ajudar sem haver interferência de suas emoções pessoais tornando-as "puras" de egoísmo? Por exemplo, quando o indivíduo se depara com situações que causam comoção, como desastres pessoais ou sociais, é gerado um sentimento interno que o deixa desconfortável e logo, por instinto, leva-o a tomar atitudes consideradas altruístas. Todavia, a ação de ajudar e comover-se surge para suprir a necessidade interna no ser humano de amenizar suas próprias emoções geradas pela situação que ele se depara.
Pode-se analisar também a necessidade de um sentimento prazer emocional, ou seja, sentir-se feliz com atitudes positivas tomadas. Sendo assim, o motivo é essencialmente egoísta já que apenas toma-se uma atitude ao sentir-se fora de um estado confortável de emoção ou em busca de um sentimento prazeroso.
Analisando por esse contexto, pode-se inferir que o egoísmo leva uma característica maligna, que é criticada, pejorativa ao olhar social e não faz jus a todas as suas propriedades, já que, sem nenhum tipo de egoísmo o ser humano não seria capaz de se incomodar o suficiente para ajudar a sociedade ou outro indivíduo que este convive.
Logo, seria capaz o ser humano não ser egoísta? Seria ele capaz de ser essencialmente altruísta? Seria o egoísmo realmente um "mal social"? Para entender a negação do egoísmo deve-se analisar necessidade de aceitação do indivíduo em um meio de convívio, pois já como Marx disse: "o homem é por natureza um animal social". Sendo assim, isto estimula o ser humano a se distanciar ou negar a procura de satisfação própria de modo exclusivo, mesmo que esta por si mova suas ações "altruístas". Levando a realidade, quando se diz a palavra "egoísmo" automaticamente, por uma norma social pré estabelecida, há uma rejeição juntamente com sentimento de culpa que leva o ser humano a negar a essência do "fazer o bem" pois é comum atribuir o egoísmo apenas de um modo que prejudique o próximo. Como este sentimento já esta intrínseco, há uma dificuldade de ver motivos egoístas quando se quer fazer algo positivo pelo próximo. Ao analisar as ações com suas raízes egoístas, cria-se uma bipolaridade de pensamento, já que, como o egoísmo leva uma reputação negativa, se estás atitudes "boas" são movidas por motivos "ruins" (como o egoísmo é analisado) os motivos se tornam bons? Ou as ações se tornam ruins?
Assim há uma perda da veracidade, da essência que move as relações sociais, o egoísmo. Partindo desse pressuposto, o egoísmo pode ser analisado de duas formas: o egoísmo empático e o egoísmo pessoal. O primeiro refere-se a necessidade do ser humano de fazer o bem para satisfação própria. Já o segundo, por definição, é a exclusividade dos seus interesses mesmo que estes prejudiquem o próximo.
Sendo assim, uma sociedade egoísta empática é uma sociedade saudável em convivência, já uma sociedade egoísta pessoal é desprovida de empatia e prejudicial a si mesma. O ser humano é por natureza egoísta e socialmente capaz de se comover com indivíduos de sua espécie ou outra. Mas também, por conta da convivência e distanciamento empático humano, o ser humano se torna egoísta pessoal, intensificando a dificuldade de aceitar-se como naturalmente egoísta. - Eduarda Santos